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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Psicologia Hospitalar - Possibilidade no mercado de trabalho

Para que o psicólogo esteja capacitado a trabalhar em saúde, é imprescindível refletir se sua formação lhe dá as bases necessárias para essa prática. A aprendizagem não deve ser só teórica e técnica, pois o psicólogo tem que ser comprometido socialmente, estar preparado para lidar com os problemas de saúde de sua região e ter condições de atuar em equipe com outros profissionais.
Segundo Sebastiani, Pelicioni e Chiattone (2002), a formação do psicólogo na América Latina e no Brasil está vinculada basicamente ao tratamento individual baseado no modelo clínico, que é a base de sua identidade profissional. Entretanto, devido à grande demanda de trabalho existente no âmbito sanitário, muitas vezes profissionais mal- preparados seguem trabalhando no antigo modelo clínico individual e atuam na área da saúde sem ter conhecimento das ferramentas necessárias para uma atuação coletiva de prevenção e intervenção.
No Brasil, a formação em Psicologia é deficitária no que se refere aos conhecimentos da realidade sanitária do País, à participação em pesquisas e em políticas de saúde, indispensáveis para a determinação da sua prática e para o aprimoramento da especialidade (Dimenstein, 2000; Sebastiani, 2003). Essa formação elitista distancia o aluno e o profissional das demandas sociais existentes, não os habilitando para lidar com o sofrimento físico sobreposto ao sofrimento psíquico, a injustiça social, a fome, a violência e a miséria (Chiattone, 2000). Em conseqüência, enquanto as classes privilegiadas têm acesso ao tratamento psicológico, as classes menos favorecidas ficam desassistidas, pois o tratamento clínico gratuito em instituições públicas e clínicas-escola não abarca as necessidades de grande parte da população. Muitas vezes, são ensinadas teorias incompatíveis com a demanda e a realidade social, promovendo uma concepção de sujeito desvinculada do seu contexto sociopolítico e cultural. Obviamente, essas incongruências na formação de base geram dúvidas quanto à cientificidade da tarefa do psicólogo em alguns casos onde a realidade é a da extrema pobreza, já que a graduação em Psicologia dá ênfase ao modelo psicodinâmico e suas implicações clínicas, voltadas para a população mais privilegiada. Em síntese, a formação em Psicologia deixa praticamente de lado temáticas relacionadas às questões macrossociais relativas à saúde, contribuindo para a manutenção das estruturas sociais e das relações de poder sem utilizar todo o seu potencial questionador e transformador (Almeida, 2000; Dimenstein, 2000).
Então, qual seria a formação indicada para os psicólogos que desejam trabalhar no âmbito da saúde? Besteiro e Barreto (2003) afirmam que a formação do psicólogo da saúde deve contemplar conhecimentos sobre: bases biológicas, sociais e psicológicas da saúde e da doença; avaliação, assessoramento e intervenção em saúde, políticas e organização de saúde e colaboração interdisciplinar; temas profissionais, éticos e legais e conhecimentos de metodologia e pesquisa em saúde. Com relação ao psicólogo da saúde que atua especificamente em hospitais, é indispensável um bom treinamento em três áreas básicas: clínica, pesquisa e programação. Com relação à a área clínica, o psicólogo deve ser capaz de realizar avaliações e intervenções psicológicas. Na área de pesquisa e comunicação, é necessário saber conduzir pesquisas e comunicar informações de cunho psicológico a outros profissionais. Por fim, quanto à área de programação, o profissional deve desenvolver habilidades para organizar e administrar programas de saúde. Com essa formação integrada, é possível melhorar a qualidade da atenção prestada, garantir que as intervenções implantadas sejam as mais eficazes para cada caso, diminuir custos e aumentar os conhecimentos sobre o comportamento humano e suas relações com a saúde e a doença (Ulla & Remor, 2003).

Parece-nos, às vezes, que os profissionais da Psicologia são um “retrato” da desigualdade da sociedade brasileira, com suas práticas elitistas que beneficiam uma pequena parcela da população. Um exemplo seria a utilização indiscriminada da prática da psicoterapia individual, em contextos em que a população ou tem outras necessidades mais básicas, ou até não chega à instituição por falta de recursos. Confirma essa idéia a recente pesquisa realizada sobre o perfil do psicólogo brasileiro (CFP, 2003b), mostrando que 54,9% dos psicólogos que exercem a profissão trabalham na clínica em consultório particular, enquanto apenas 12,4% dos profissionais atuam em Psicologia da Saúde e 0,6% são pesquisadores.



O relato de Miyazaki et al. (2002) esclarece como pode ocorrer um processo de mudança permitindo maior inserção profissional de acordo com a realidade do País. Descrevendo o desenvolvimento e estágio atual do serviço de Psicologia de um hospital em São José do Rio Preto, os autores explicam a evolução de uma equipe de psicologia eminentemente clínica individual para um trabalho dentro dos moldes do que seria a Psicologia da Saúde. A intervenção individual não dava conta da demanda, e então foi instalado um programa denominado Aprimoramento em Psicologia da Saúde. Este possuía duração de dois anos e combinava a prática à pesquisa em Psicologia da Saúde. Segundo o relato, a atuação foi realizada em equipes interdisciplinares, abrangendo os níveis primário, secundário e terciário de atendimento. As intervenções se davam no ambulatório, no hospital, em centro de saúde-escola e na comunidade, sempre combinadas com pesquisas que justificassem suas ações. O hospital, na atualidade (2002), possuía 40 psicólogos (docentes, contratados e aprimorandos).

http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/6082/psicologia-da-saude-x-psicologia-hospitalar-definicoes-e-possibilidades

Um comentário:

  1. Boa noite! O logotipo que vocês estão usando tem direitos autorais e não pode ser usado sem autorização. O nome dele é Psicópio é meu. Vejam: http://www.psicologiahospitalar.net.br. Assim, solicito a gentileza de utilizarem com meu nome ou retirarem do ar. Att: Susana Alamy - alamysusana@gmail.com

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