Autor: Juan David Nasio
Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa é uma obra de Juan David Nasio, que aborda de uma forma dinâmica e acessível o complexo de Édipo, que se trata de uma fase que todas crianças passam. Uma fase onde sentimos desejos a atrações por nossos pais e parentes, lógico que de forma inconsciente. Abaixo um resumo do livro, onde vocês leitores poderão se deliciar um pouco com o mundo da Psicanálise. Vale a pena conferir!
“O Édipo é uma lenda que explica a origem da identidade sexual de uma mulher e de um homem e, além disso, a origem dos sofrimentos neuróticos. Esta lenda envolve todas as criança.”
A psicanálise gira em torno do completo de Édipo, o clichê da mesma é até hoje “O menino está apaixonado pela mãe e quer afastar o pai; a menina, por sua vez, apaixonada pelo pai, quer afastar a mãe.”
Mas o complexo de Édipo se da de maneira diferente para os meninos e para meninas.O Édipo não é uma história de amor e ódio entre pais e filhos, é uma história de sexo, desejo, fantasias e prazer. Ele é um imenso desejo sexual próprio de um adulto, vivido na cabecinha e no corpinho de uma criança de quatro anos inconscientemente.
A criança por sua vez passa também por uma crise edipiana, pois ela sente prazer e deseja os pais,e fica feliz quando consegui obter algo em relação a este prazer, mas ao mesmo tempo ela tem medo de não saber controlar seus desejos, e entra em conflito com isso, pois é o prazer erótico e o medo entre a exaltação de desejar e o medo de se consumir nas chamas do desejo. A criança mesmo sendo menino ou menina recalca fantasias e angústias,pára de tomar seus parentes por seus parceiros sexuais e torna-se com isso disponível para conquistar novos e legítimos objetos de desejo.E assim a criança passa por um período de relativa acalmia pulsional, e é na puberdade que irá produzir-se novamente, mas não mais voltada para seus pais e sim para o outro. Mas esta fase não é fácil para o jovem, pois o mesmo não sabe mais refrear seus impulsos e desejos como fizera no começo do Édipo, e é por isso que encontramos tantas dificuldades com o adolescente.Esse vulcão edipiano não se extingue na adolescência, muito mais tarde, na idade adulta, essas erupções poderão votar em forma de sofrimento neurótico como a fobia, a histeria e a obsessão.
Édipo do menino
Todos os meninos por volta dos três, quatro anos, focalizam seu prazer sobre o pênis. Nessa idade, o órgão peniano torna-se a parte do corpo mais rica em sensações e impõe-se como zona erógena dominante; pois ele percebe que quando o seu pênis é estimulado, o mesmo sente muitas sensações de prazer, e o menino de quatro anos também sente prazer em olhar o decote da mãe ou gosta de se mostrar nu em público.
Porém o pênis não é apenas o órgão mais rico em sensações, é também o objeto mais amado e o que reclama todas as atenções, é um apêndice visível, facilmente manipulável. O menino faz dele seu objeto narcísico, é a coisa de que ele tem mais orgulho, ele o eleva este símbolo do poder absoluto e da força viril, mas este órgão também é pela mesma razão, vivido como um órgão frágil, excessivamente exposto aos perigos, vulnerável.
O representante do desejo de meninos e meninas, é chamado de falo, mas o Falo não é o pênis enquanto órgão , o Falo é o pênis fantasiado, idealizado, simbólico, no caos do menino.
Nesta faze tanto quanto meninos e meninas acreditam que todos as criaturas do mundo detém de um falo. Mas toda esta idolatria pelo Falo vem em anexo a angústia de perde-lo e assim vem a angústia da castração, pois o menino observou o corpo da menina e notou que a ela não detém do mesmo falo que o seu, e por isso se sente vulnerável a castração e a dor da privação que aconteceu no corpo da menina.
A primeira manifestação do Édipo é o desejo de possuir o outro, em suma sua mãe, e ter um filho com ela. O Édipo não é acariciar ternamente a mãe, é desejá-la, é como se um criança mordesse as nádegas da mãe, por exemplo, isso é o Édipo um questão de sexo e não de amor.
A segunda fantasia do Édipo é de ser possuído pelo outro, o menino deseja ser possuído pela mãe, por um irmão mais velho ou até mesmo pelo pai.
A ultima fantasia do menino edipiano é suprimir o outro, em particular o pai, o outro provoca tanto prazer sexual quanto qualquer fantasia edipiana. O menino que matar o pai rival. Uma ocasião em que isso pode retratar bem esta fase; é quanto do pai vai viajar, e a criança brinca de chefe de família , ele quer partilhar o grande leito conjugal com a mãe.
Como já mencionamos o menino passa pela angústia de castração que é o avesso do prazer de fantasiar, mas esta angústia de castração acontece totalmente inconsciente, exceto alguns casos, nós não poderemos observar um menino de quatro anos e vê-lo transmitindo toda esta angústia pois isso acontece de maneira inconsciente, e involuntária. E é por isso que o menino abandona o Édipo, pelo medo de ser castrado, ele prefere protege seu Falo, ao invés de viver estes desejos incestuoso com seus parentes. Por ele vê o corpo da mãe, e da menina, percebendo que alguém perdeu o Falo, e ele não quer que isso aconteça com ele, pois o que ele deseja é o que não pode. E assim ele recalca mas não totalmente este desejos, fantasias e angústia. Aliviado, pode agora abrir-se para outros objetos desejáveis, mas dessa vez legítimos e adaptados às suas possibilidades reais.
“É graças a essa incorporação que a criança integra os interditos parentais que doravante imporá a si mesma. O resultado dessa passagem da sexualidade à moral é o que designamos supereu e os sentimentos que o exprimem: pudor senso de intimidade, vergonha e delicadeza moral.”
Édipo da menina
A menina passa por quatro fazes no tempo edipiano, o primeiro é o tempo pré-edipiano, que consiste em: ela tem quatro anos aproximadamente ela acredita deter de um falo grandioso, e sente desejo de possuir a mãe, neste tempo ela credita deter de algo muito precioso, e sente excitações clitoridianas.
Depois ela passa pelo tempo de solidão que é quando a menina, descobre que não detém do mesmo falo que o menino. No começo ela acredita que o seu vai crescer e ficar como o do menino, mas com o passar do tempo ela percebe que isso não acorrerá, e ela também percebe que a mãe também não detém deste falo, e cria uma revolta contra esta mãe, pois ela acredita que a mãe a privou de ter este falo, ela acha que a mãe mentiu para ela, a privou de ter este Falo, pois a fez acreditar que as duas possuíam o Falo. Neste tempo ela se sente muito sozinha e humilhada, nesta faze ela inveja o menino.
O terceiro tempo é do Édipo que é quando a menina volta-se para o pai, detentor do grande Falo, ela quer que o pai a de o seu falo, mais o pai se recusa, então ela quer que ele a console, neste tempo ela quer se tornar o falo do próprio pai, ela começa a se identificar com a mãe, é nesta faze que a menina, começa a querer utilizar as coisas da mãe, ela quer se parecer com a mãe, quer ser deseja pelo seu pai como objeto sexual.
O ultimo tempo é o de resolução do Édipo, mas lembrando que o Édipo da menina também volta na adolescência , como o do menino.
Nesta etapa ela vê que o pai a recusa, é como se pai dissesse que nunca poderá suprir seus desejos. E é nesta faze que ela se abre para o homem amado, ela descobre a vagina e o útero, e descobre que poderá conceber um filho do seu companheiro.
Para o homem o Falo é a força; para a mulher é o amor.
“O menino torna-se homem em dias, e a menina torna-se mulher progressivamente.”
“ Cada recém-chegado ao mundo está imbuído do dever de consumir o complexo de Édipo; quem não consegue está fadado à neurose.“ Sigmund Freud
“Um Édipo mal recalcado resulta; a neurose mórbida, de um Édipo traumático.”
O Édipo é a nossa primeira neurose saudável, está na origem e nossas penosa neurose ordinária de adulto. Os traumas infantis serão a causa de neurose mórbida e patológica que se instala na adolescência e persiste na idade adulta.Estes encerram-se o sujeito em uma solidão narcísica e doentia. Esse sofrimento, seja fóbico, obsessivo ou histérico, é provocado por um fato mais grave que o recalcamento não consegue recalcar, estas fantasias edipianas.
O individuo desenvolve a fobia quando no Édipo se sente abandonado, sendo este abando real ou imaginário. A obsessão é desenvolvida quando no Édipo a criança se sente mal tratada, sendo este real ou imaginário e enfim a histeria ela é desenvolvida quando a criança experimenta durante um contato excessivamente sensual com o adulto, de quem depende um intenso e sufocante prazer.
O texto traz alguns termos psicanalíticos, então, para que você leitor não perca nada sobre o texto crucial da Psicanálise, segue um glossário das principais palavras encontradas no texto.
Complexo de Édipo: “O complexo de Édipo constitui uma das problemáticas fundamentais da teoria e da clínica psicanalítica. Para a teoria psicanalítica, o momento crucial da constituição do sujeito situa-se no campo da cena edípica. Dessa forma, o Édipo não é somente o "complexo nuclear" das neuroses, mas também o ponto decisivo da sexualidade humana, ou melhor, do processo de produção da sexuação.” MOREIRA, Jacqueline de Oliveira. Édipo em Freud: O movimento de uma teoria
“ Uma crise sexual do nascimento observável no comportamento das crianças, uma fantasia inscrita no inconsciente. O Édipo é tudo ao mesmo tempo; realidade, fantasia, conceito e mito.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007.)
Recalque: “Alt.: repressão; Sign.: “desalojado”, “empurrado para o lado”; Conot.: empenho de “abafar” ou “paralisar” a manifestação da uma idéia incomoda. Obs. 1: Freud combina o verbo drängen, “forçar passagem/ empurrar”, com prefixos ver-, nach ou vor – para descrever os movimentos de “empurrar forçando” na direção do consciente para o inconsciente.” (VERDRÄNGUNG, Die. O RECALQUE, pag. 187)
Neurose: “É um sofrimento psíquico provocado pela coexistência de sentimentos contraditórios de amor, ódio, medo e desejos incestuosos para com quem se ama e de quem se depende.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p.93)
Falo: “É o pênis fantasiado, idealizado, símbolo de onipotência e de seu avesso, a vunerabilidade.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p.22)
Fase fálica: “Durante essa fase, as crianças, meninos e meninas, acham que todas as crianças do mundo são dotadas de um Falo, isto é, que todas as crianças são tão fortes quanto elas.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p.23)
Angústia de castração: “A angústia de castração acontece totalmente inconsciente, pois. O menino abandona o Édipo, pelo medo de ser castrado, ele prefere protege seu Falo, ao invés de viver estes desejos incestuoso com seus parentes. .” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p.33)
Desejo incestuoso: “Desejo virtual, nunca saciado, cujo objeto é um dos pais e cujo objetivo seria alcançar não o prazer físico, mas o gozo.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p25)
Tempo pré- edipiano: “A menina é um menino. Sente desejo de possuir sua mãe.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p63)
Tempo de solidão: “A menina sente-se humilhada. Descobre que não possui um Falo.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p63)
Tempo do Édipo: “A menina deseja ser possuída pelo pai.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p63)
Resolução do Édipo: “A mulher deseja um homem. Descobre a vagina, o útero e o desejo de ter um filho de seu companheiro.” (NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007,p63)
Depois de ler esse resumo e conhecer um pouquinho sobre o mundo da Psicanálise, você não acha que o melhor que tem a fazer agora e ler a obra completa do Édipo? Nos sinceramente a recomendamos!!
Referências:
NASIO, Juan David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Zahar: Rio de Janeiro,2007
VERDRÄNGUNG, Die. O RECALQUE
MOREIRA, Jacqueline de Oliveira. Édipo em Freud: O movimento de uma teoria
Por, Daiane Cristina Schmitt e
Emanuele da Silva Lopes
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