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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Relacionando o complexo de Édipo com o ambiente hospitalar, e observando os setores de pediatria, UTI pediátrica, tanto meninos quanto meninas internadas, podemos ter pacientes com três anos ou mais, momento em que começam a vivenciar o complexo de Édipo. Como estão em ambiente hospitalar, dependem dos cuidados de médicos, enfermeiras, psicólogos e toda a equipe hospitalar, podendo nesse tempo, passar mais tempo com estes profissionais do que com os próprios pais ou responsáveis. Esses mesmos profissionais geram marcas no psiquismo dessas crianças, podendo inclusive perceber o afloramento do complexo.
Passando então para o setor de psiquiatria, pode-se observar o Édipo tardio, ou então mal sucedido, mergulhados nas neuroses, histerias e possíveis psicoses que esses pacientes apresentem.
Esses exemplos nos mostram quão importantes é o papel do psicólogo hospitalar, como mediador, ouvinte e observador, ajudando esses pacientes a atenuarem maior sofrimento, além daquele que vem junto com a doença, seja ela de qual origem for.

Édipo
O complexo de Édipo é um conceito criado pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud. O complexo se refere a um conflito emocional que normalmente da-se inicio despertando nas crianças de aproximadamente 3 anos sentimentos opostos, amor e ódio, direcionado aos seus pais. Ele se manifesta tanto nos meninos quanto nas meninas, porem de forma diferente.
Sobre o Édipo do menino: A partir dos 3 anos os meninos focalizam o seu prazer sobre o pênis, se tornando o órgão mais rico em sensações. Com o passar dos meses o culto ao pênis o eleva ao nível de símbolo de poder e de virilidade, recebendo o nome de Falo. O falo não é o pênis enquanto órgão, é um pênis fantasiado, idealizado, símbolo da onipotência e do seu avesso. Excitado sexualmente, o menino de aproximadamente quatro anos vê surgir dentro de si uma força misteriosa, até então desconhecida: o impulso de se dirigir ao outro, ou, mais exatamente, de se dirigir aos seus pais (aos corpos deles) para ali encontrar prazer. Os três movimentos fundadores desse desejo do menino são: desejo de possuir o corpo do outro, desejo de ser possuído e o desejo de suprimir. Sem ser possível atingir a satisfação desses três desejos, como forma de consolo o menino passa a criar fantasias que lhe satisfazem imaginariamente. Quando o menino tem uma visão do corpo nu feminino, percebe que ele é desprovido de pênis e, sendo que existem seres que não o possuem, ele fica com medo de perdeu o seu. Sobre isso suas fantasias (que agora são fantasias de angustia) surgem com o medo de ser castrado pelo pai repressor, o medo de ser castrado pelo pai sedutor e o medo de ser castrado pelo pai rival. Dessa angústia de castração vem a resolução da crise edipiana, que consiste em três etapas: O recalcamento dos desejos, a renúncia aos pais como objeto de desejo e a incorporação dos pais como objeto de identificação. Ele deve fazer uma escolha: ou salva o seu falo-pênis ou fica com a sua mãe. Por causa do medo de perder seu falo-pênis, ele renuncia aos pais como objetos sexuais e recalca os seus desejos inconscientes.
Sobre o Édipo das meninas: elas passam primeiramente por uma fase pré-edipiana, onde a menina tem o desejo de possuir a mãe e julga ter um falo que a faz se sentir onipotente. Tal desejo se destrói quando a menina vê o corpo masculino nu e percebe que ele possui algo diferente que ela não tem, sendo assim se decepciona e sofre com a dor de ter sido privada do falo culpando sua mãe por isso, por ter mentido pra ela dizendo-lhe que ela possuía um falo todo-poderoso. A menina furiosa neste momento se afasta da mãe e procura o pai, o grande detentor do falo, ela quer reivindicar seu poder e sua potência para ser tão forte e poderoso quanto ele, faz isso o seduzindo. O pai a recusa. A menina, já que não pode ser sua mulher, agora quer ser como ele em suas maiores características. Essa entrada no Édipo é também o momento em que a mãe, após ter sido afastada, volta à cena e fascina a filha por sua graça e feminilidade. A menina então, espontaneamente, aproxima-se e identifica-se com a mãe. Após ter se identificado com os traços femininos, enfim abandona a cena edipiana, abrindo-se agora para os futuros parceiros de sua vida como mulher.

Abaixo segue o glossário para esclarecer alguns termos usados no livro:

Adolescência: os dicionários apontam para uma dupla origem da palavra adolescência. Uma indica que procede dos étimos latinos ad, para frente + olesco, crescer, arder, inflamar-se. A outra alude a adolescentia, derivada de adolescent, raiz de adolecens, particípio de adolescere (adol+esc+ent). Trata-se de um período de transformações, portanto de crise, especialmente no que se refere a construção de um sentimento de identidade. (ZIMERMANN,2001,p.21).

Complexo de Édipo: conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob a sua dita positiva, o complexo apresenta-se como na história de Édipo-rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, essas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do Complexo de Édipo. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001p.77)

Desejo: na comparação dinâmica freudiana um dos pólos de conflito defensivo. O desejo inconsciente tende a realizar-se restabelecendo, segundo as leis do processo primário, os sinais ligados as primeiras vivências de satisfação. A Psicanálise mostrou, no modelo do sonho, como o desejo se encontra em sintomas sob a forma de compromisso. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.113)

Dessexualização: estudando conjuntamente os fenômenos da dessexualização com o da sublimação. Freud concebeu que as sublimações se distinguem das gratificações substitutivas de caráter neurótico por meio de sua dessexualização, isto é, a gratificação do ego já não e pulsional. (ZIMERMANN,2001,p.107)

Falo: é importante estabelecer distinção entre falo e pênis. Este último designa concretamente o órgão anatômico masculino, enquanto o termo falo tem um significado de natureza simbólica, isto é, de poder. Falo e pênis muitas vezes se superpõem, tal como acontecia com regularidade na Antiguidade. Ainda hoje se pode ver uma grande quantidade de desenhos, esculturas e pinturas nos quais aparece um pênis túrgido representando significados alusivos ao poder, a sabedoria e a fecundidade. (ZIMERMANN,2001,p.139)

Fantasias: roteiro imaginário em que o sujeito está presente e que representa de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realização de um desejo e, em última análise, de um desejo inconsciente. A fantasia apresenta-se sob diversas modalidades: fantasias conscientes ou sonhos diurnos; fantasias inconscientes como as que a análise revela como estruturas subjacentes a um conteúdo manifesto; fantasias originárias. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001p.169)

Fase fálica: fase de organização infantil da libido que vem depois das fases oral e anal e se caracteriza por uma unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais; a criança de sexo masculino ou feminino, só conhece nesta fase um único órgão genital. A fase fálica corresponde ao momento culminante e ao declínio do Complexo de Édipo; o complexo de castração é aqui predominante. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.178)

Gozo: Lacan conferiu importante significação psicanalítica ao termo gozo, diferenciando-o de prazer. Embora Freud muito raramente tenha usado o termo gozo, é nele que Lacan se inspira, mais precisamente naquela constatação de Freud de que o bebê que é amamentado, mesmo depois de saciar sua necessidade orgânica, demora-se no seio da mãe, fazendo atos de sucção, agora movido por uma sensação de gratificação erógena. (ZIMERMANN,2001,p.169)

Histeria: classe de neuroses que apresentam quadros clínicos muito variados. As duas formas sintomáticas mais bem identificadas são a histeria de conversão, em que o conflito psíquico vem simbolizar-se nos sintomas corporais mais diversos, paroxísticos (ex: crise emocional com teatralidade) ou mais duradouros (ex: anestesias, paralisias histéricas, sensação de “bola faríngica”, etc.) e a histeria de angústia em que a angústia é fixada de modo mais ou menos estável neste ou naquele objeto exterior (fobias). (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.211)

Identificação: processo psicológico pelo qual um sujeito assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente, segundo o modelo desse outro. A personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série de identificações. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.226)

Identidade Sexual: condição de o sujeito se reconhecer e ser reconhecido como pertencente a um determinado sexo. Os estudos de Stoller (1968) visam a estabelecer uma distinção entre os aspectos biológicos que objetivamente, determinam se um sujeito é homem ou mulher e os aspectos psicológicos e sociais que promovem sua convicção e comportamento de homem ou mulher. (ZIMERMANN,2001,p.204)

Incesto: prática de relações sexuais entre parentes próximos, consangüíneos, cujo casamento é proibido por lei, como por exemplo, entre pai e filha, mãe e filho, irmão e irmã. Por extensão, o sentimento de proibição moral e cultural pode estender-se as relações sexuais entre tio e sobrinha, tia e sobrinho, padrasto e enteada, madrasta e enteado, sogra e genro, sogro e nora. (ZIMERMANN,2001,p.211,212)

Inconsciente: antes de Freud, os cientistas e filósofos já admitiam a existência de um inconsciente – no sentido da presença de algo que não pertence ao consciente – mas recusavam-lhe um caráter psíquico, atribuindo tudo que se passava no plano desconhecido da mente aos mistérios do corpo, da alma e do espírito. O inconsciente como região do psiquismo com leis próprias de funcionamento é uma descoberta estritamente freudiana. (ZIMERMANN,2001,p.212,213)

Inveja do pênis: a inveja do pênis nasce da descoberta da diferença anatômica entre os sexos: a menina sente-se lesada com relação ao menino e deseja possuir um pênis como ele. A inveja do pênis pode redundar em numerosas formas patológicas ou sublimadas. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.250,251)

Metapsicologia: termo criado por Freud para designar a psicologia por ele fundamentada, considerada na sua dimensão mais teórica. A Metapsicologia embora um conjunto de modelos conceituais mais ou menos distantes da experiência, tais como a ficção de um aparelho psíquico dividido em instâncias, a teoria das pulsões, o processo do recalque, etc. A Metapsicologia leva em consideração três pontos de vista: dinâmico, tópico e econômico. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.284)

Neurose de transferência: em comparação com as neuroses narcísicas, elas se caracterizam pelo fato de a libido ser sempre deslocada para objetos reais ou imaginários, em lugar de se retirar sobre o ego. Disso resulta serem mais acessíveis ao tratamento psicanalítico, porque se prestam a constituição no tratamento [...] (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.308,309)

Psicanálise: disciplina fundada por Freud e na qual podemos com ele distinguir três níveis: A)Um método de investigação que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito. Este método baseia-se principalmente nas associações livres do sujeito, que são a garantia da validade da interpretação [...] (LAPLANCHE, PONTALIS,2001,p.384,385)

Pulsão: processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir sua meta. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.394)

Recalque ou Recalcamento: o termo original alemão empregado por Freud, Verdrängung, habitualmente aparece traduzido como recalque ou recalcamento ou, ainda, como repressão, embora a adequação da última tradução seja discutível. Fundamentalmente, o conceito de recalque está ligado a um processo pelo qual o sujeito procura repelir ou manter oculto no inconsciente as representações de pensamentos, imagens, fantasias e recordações que estejam ligadas a algum desejo pulsional proibido de surgir no consciente. (ZIMERMANN,2001,p.355)

Sexualidade: na experiência e na teoria psicanalítica, “sexualidade” não designa apenas as atividades e o prazer que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância que proporcionam um prazer irredutível a satisfação de uma necessidade fisiológica fundamental (respiração,fome,função de excreção, etc.), e que se encontram a título de componentes na chamada forma normal do amor sexual. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.476)

Superego ou Supereu: uma das instâncias da personalidade tal como Freud a descreveu no quadro da sua segunda teoria do aparelho psíquico: o seu papel é assimilável ao de um juiz ou de um censor relativamente ao ego. Freud vê na consciência moral, na auto-observação, na formação de ideais, funções do superego. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.497)

Transferência: designa em Psicanálise o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-se aqui de uma repetição de protótipos infantis vivida com um sentimento de atualidade acentuada. (LAPLANCHE,PONTALIS,2001,p.514)

Referências:

LAPLANCHE,J.;PONTALIS,J.B.Vocabulário de Psicanálise. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes,2001.
ZIMERMANN, D. Vocabulário Contemporâneo de Psicanálise. Porto Alegre: Artmed,2001.
NASIO, J.-D. Édipo – O complexo do qual nenhuma criança escapa. ed. Zahar

Alunas: Susane Tainara, Larissa Poletto, Bárbara Cristina e Ellis Priscila.
3° Semestre de Psicologia - Uniasselvi

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